Com as importações caindo quase cinco vezes mais que as exportações em relação a 2015, a balança comercial do ano passado foi positiva em US$ 47,7 bilhões, o maior superavit da história.
Como reflexo da crise em 2016, tanto as compras de outros países quanto as vendas externas foram as menores desde 2009, mostram dados divulgados nesta segunda (2) pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
O resultado positivo recorde foi possível porque, enquanto as exportações recuaram 3,5% em relação a 2015, as importações sofreram ainda mais e caíram 20,1% na mesma comparação.
Quando se olha a corrente de comércio (formada pelas exportações mais importações), o dado é o menor em sete anos e representa uma queda de 33% na comparação com 2011, quando o número foi o maior da história.
“Esse é um superavit negativo”, disse José Augusto de Castro, presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).
“O que gera atividade econômica para o setor é a corrente de comércio, e ela reflete um momento muito ruim para o comércio exterior.”
Ele lembrou que, no caso das exportações, o resultado de 2016 foi afetado principalmente pela queda de 6,2% ante 2015 nos preços dos produtos. Ao analisar as quantidades, houve aumento de 2,9% na mesma comparação.
“Dos principais produtos da pauta exportadora, só o açúcar em bruto teve alta no preço. Todos os outros produtos tiveram queda”, observou Abrão Neto, secretário de Comércio Exterior do ministério.
Já no caso das importações, há queda tanto nos preços, que caíram 9% ante 2015, quanto na quantidade, que se reduziu em 12,2%.
As importações de bens de capital (máquinas e equipamentos), por exemplo, que sinalizam o interesse das empresas em investir, somaram US$ 18,35 bilhões em 2016, queda de 21,5% ante 2015.
Já as compras de bens intermediários (insumos para elaboração de produtos) de outros países somaram US$ 84,94 bilhões, redução de 14,9% em relação a 2015.
DEZEMBRO
O ministério também informou nesta segunda que, tomando somente os dados do mês passado, as importações cresceram pela primeira vez na comparação com o mesmo mês do ano anterior desde setembro de 2014.
O aumento nas compras de outros países foi de 9,3%, mas não pode ser considerado um sintoma de recuperação da economia, disse Neto.
“Esse aumento se explica por uma base de comparação muito baixa em dezembro de 2015, quando houve uma redução muito forte nas importações de petróleo”, explicou.
Com esse resultado, no mês passado o superavit foi menor do que o registrado em novembro (queda de 7,2%) e do que o resultado positivo de dezembro de 2015 (um redução de quase 30%).
A expectativa do ministério é que neste ano as importações voltarão a crescer de forma consistente, assim como as exportações.
“No ano passado, a redução geral das importações foi de 20%, mas se concentrou no primeiro e no segundo trimestres”, afirmou Neto. No terceiro e no quarto trimestre do ano, a queda das importações ocorreu em ritmo menor —as reduções foram de 13,2% e 6,1%, respectivamente.
O ministério não divulga projeções, mas o Banco Central espera aumento de cerca de US$ 10 bilhões tanto nas exportações quanto nas importações para 2017.
Fonte: Folha de São Paulo/MAELI PRADO DE BRASÍLIA