Por O Globo e agências internacionais — Palm Beach, EUA
Segundo presidente eleito, locais são estratégicos para os EUA ‘por motivos de segurança econômica’
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que toma posse no próximo dia 20, disse em uma entrevista coletiva nesta terça-feira em Palm Beach, na Flórida, que não descarta uma ação militar para assumir o controle do Canal do Panamá ou da Groenlândia. O republicano defendeu também a fusão entre os EUA e o Canadá, sugeriu mudar o nome do Golfo do México e afirmou que os membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) deveriam aumentar seus gastos militares.
— Posso dizer o seguinte: precisamos deles [Canal do Panamá e Groenlândia] por motivos de segurança econômica. Não vou me comprometer com isso [descartar a ação militar]. Pode ser que tenhamos que fazer alguma coisa —disse ele aos repórteres.
— Nós vamos mudar o nome do Golfo do México para ‘Golfo da América’. A gente faz todo o trabalho lá — disse, usando “América” em referência aos EUA, não ao continente.
O dilema do Panamá
A retórica em relação ao Panamá também ganhou força após sua vitória. No fim do ano, o magnata afirmou que o governo americano deveria retomar o controle do canal para acabar com que chamou de “roubo” cometido pelas autoridades panamenhas. Na ocasião, Trump disse que o local, que controla a passagem entre os oceanos Atlântico e Pacífico, é “um bem nacional vital” para os EUA.
— Nossa Marinha e comércio foram tratados de uma forma muito injusta e imprudente. As taxas cobradas pelo Panamá são ridículas, altamente injustas, especialmente sabendo da generosidade extraordinária que foi concedida ao Panamá — afirmou Trump. — Esse roubo completo do nosso país vai parar imediatamente.
Em 1903, os EUA receberam o controle da área onde seria construído o Canal do Panamá, cujas obras foram finalizadas em 1914, com poderes de usar a força para garantir a neutralidade da passagem usada hoje por cerca de 14 mil navios anualmente. Em 1977, o então presidente americano, Jimmy Carter, firmou um acordo com o ditador Omar Torrijos, que comandava o Panamá na época, devolvendo o controle do canal ao país, mas mantendo o direito de atuar para defender sua neutralidade. Os panamenhos retomaram a soberania sobre o canal em 1999, em uma decisão criticada por Trump.