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TCU multa direção da Antaq e determina mudança de tarifa

O Tribunal de Contas da União (TCU) aplicou uma multa a diretores da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) por considerar que eles não regularam de forma adequada uma tarifa cobrada por terminais portuários, responsável por embates milionários no setor logístico. Além disso, a agência deve apresentar um plano para alterar a regulamentação sobre o tema a partir de agora.

O processo está ligado a uma disputa que envolve recintos alfandegários e terminais portuários contra a taxa Terminal Handling Charge (THC2), exigida para separação e entrega de cargas importadas após a descarga do navio. O debate interessa o setor por causa do respaldo que pode gerar em futuras disputas judiciais, por exemplo.

De acordo com o TCU, diferentes órgãos do governo – como a antiga Secretaria de Direto Econômico (SDE), do Ministério da Justiça – apontam desde 1999 infração à ordem econômica na cobrança do THC2. O TCU afirma que, atualmente, o Cade tem visão consolidada de que a cobrança prejudica a concorrência no setor. Essas visões costumam ser contestadas por empresas interessadas no tema, como a Libra.
Criada em 2001, a Antaq regulou a tarifa somente em 2012. Na visão do TCU, mesmo assim não foi resolvido o problema. Na época, a área técnica da agência sugeriu que a cobrança deveria obedecer a tetos estabelecidos pela autoridade portuária. Na regulamentação, a diretoria da Antaq retirou essa exigência e colocou que “quando for o caso”, a autoridade portuária estabeleceria um teto. Depois disso, a nova Lei dos Portos ainda retirou da Antaq o direito de decidir sobre o tema.

O TCU entende que houve falha na regulamentação. “O tratamento dado pela norma ao assunto não buscou solucionar conflito histórico sobre a questão, esquivando-se a entidade de regular um mercado de concorrência nitidamente imperfeita, impedir infrações à ordem econômica e garantir a modicidade das tarifas”, diz o acórdão da ministra relatora do caso, Ana Arraes.

Foram multados em R$ 30 mil cada um os diretores Fernando Antônio Brito Fialho, Pedro Brito do Nascimento e Tiago Pereira Lima. O ministro Benjamin Zymler chegou a ponderar que não se deve punir somente quem tentou regular o tema, mesmo que com falhas, e deixar de contestar diretores que se abstiveram da discussão – caso das autoridades que passaram pela Antaq antes e depois da regulamentação ser feita. Por isso, outros diretores devem ser ouvidos também agora.

Para a Antaq, o TCU determinou que a agência elabore e publique as composições de custo dos serviços prestados pelos terminais portuários para embasar a análise do exame de pertinência do THC2 e da possível ocorrência de abuso em sua cobrança. Além disso, que faça revisão da regulamentação sobre a cobrança para adequá-la. Além disso, a agência deve remeter ao TCU, em 30 dias, um plano de ação.

Fonte: Valor

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TCU rejeita Decreto dos Portos e pode inibir investimentos no setor

O Tribunal de Contas da União (TCU) analisa, nesta terça-feira (26), em sua sessão plenária as conclusões do relatório sobre o Decreto 9.048/17, que altera regras do setor portuário, implementadas pela Lei dos Portos de 2013. Na última quarta-feira, o TCU deu um parecer rejeitando quase todas as mudanças propostas pelo instrumento. A principal delas era a possibilidade de ampliar os prazos de concessão para até 70 anos. Hoje é possível ter um contrato de 20 anos, prorrogável por mais 20 anos e depois por mais 10, totalizando 50 anos.

O chamado Decreto dos Portos também colocou o presidente Michel Temer no meio de uma investigação criminal. Assinado em maio de 2017, uma semana antes da delação premiada JBS se tornar pública, o decreto teria sido assinado para beneficiar empresas. Na avaliação do TCU, a prorrogação do prazo de concessão para 70 anos não encontra respaldo na legislação e fere a isonomia do processo licitatório. O recém-empossado presidente do Porto de Suape, Carlos Vilar, diz que a decisão do TCU em relação a prazo e concessão não afeta os portos pernambucanos porque não existiam pleitos com essa extensão de prazo.

“Aos terminais portuários públicos o que mais tem preocupado é a perda de autonomia para realizar novas licitações e trazer investimentos para os portos. Desde a nova Lei dos Portos em 2013, o setor está estagnado. O Porto do Recife poderia ter licitado terminais de granéis sólidos e de granéis líquidos e pátios. Já Suape espera pelo Tecon 2, pátio de veículos e outras obras”, destaca. O cálculo é que só o Porto do Recife, que completa seu centenário este ano, tem uma perda média de R$ 800 mil por mês somente com arrendamento. “Isso sem falar nas tarifas portuárias que seriam geradas com o aumento da movimentação de cargas”, complementa Vilar.

PREJUÍZO

No Brasil, levantamento da Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP) aponta que a não aprovação do Decreto do Portos causa um prejuízo de R$ 23 bilhões ao setor, em função da paralisação dos investimentos. “Os investimentos em infraestrutura nos portos são essenciais para promover um aumento de capacidade da movimentação de cargas e uma melhora na eficiência. São pelos portos que passam as cargas do comércio exterior e que têm importância significativa na economia”, observa o presidente da ABTP, José Di Bella Filho. Ele destaca, ainda, que o setor portuário brasileiro precisa estar preparado para receber grandes navios, sobretudo de contêineres, depois da inauguração da expansão do Canal do Panamá, e que isso só será possível com investimentos.

Di Bella lembra que a elaboração do Decreto dos Portos contou com a participação de cinco entidades portuárias e que tem como objetivo de ter um ordenamento jurídico para que o setor tenha regras bem definidas e possa atrair investimentos.

Fonte: JC