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Com dívida de R$ 3,8 bi, Triunfo depende de acordo para evitar recuperação

Mesmo com a venda do terminal Portonave por R$ 1,3 bilhão, anunciada na segunda-feira, a Triunfo Participações e Investimentos (TPI) ainda depende de um acordo com os credores para respirar aliviada e se livrar de uma recuperação judicial. No total, a empresa deve ao mercado R$ 3,8 bilhões, sendo que parte desse montante passa por renegociação. O ‘Estado’ apurou que as negociações podem ser concluídas na semana que vem.

O acordo envolve quase 20 credores financeiros e deve acelerar a venda de outros ativos do grupo. Além do terminal portuário, a Triunfo tenta se desfazer da participação na empresa Tijoá – concessionária responsável pela exploração da Usina Hidrelétrica de Três Irmãos – e no Aeroporto de Viracopos, onde é sócia com o grupo UTC, envolvido na Operação Lava Jato. Fontes ouvidas pelo Estado afirmam que a negociação com os credores tenta garantir que parte do dinheiro da venda da Portonave para a seja usada para dar fôlego à companhia.

Desde o ano passado, a empresa vem atravessando grave crise financeira com a piora do cenário econômico e fechamento do mercado de crédito brasileiro. Em fevereiro deste ano, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou que faria a execução de garantias de dois empréstimos pontes concedidos às controladas da Triunfo: R$219 milhões da concessionária de rodovias Concer, vencidos em novembro de 2016; e R$ 760 milhões da Concebra, vencida em dezembro de 2016.

Segundo o balanço do primeiro trimestre da companhia, R$ 1,8 bilhão em dívidas vão vencer até o fim deste ano e outros R$ 211 milhões em 2018. Sua dívida líquida equivale a 3,4 vezes o Ebtida (lucro antes de juros, impostos e depreciação) – indicador que sempre trouxe preocupação aos analistas de mercado. Mas esse número já foi pior: em dezembro de 2016, equivalia a 4,2 vezes o Ebtida.

A grave crise financeira não é a primeira nos 17 anos de operação da TPI. Em 2008, durante a crise mundial, a empresa não conseguiu apresentar as garantias de uma licitação e perdeu a concessão de uma rodovia. Depois disso, no entanto, ela engatou várias empreitadas. Abriu capital na bolsa de valores, fez emissões no exterior, aumentou sua participação nas áreas de portos, aeroportos e virou a terceira maior administradora de rodovias do Brasil, atrás apenas da CCR e da espanhola Arteris. Mas durante todo esse tempo a capacidade financeira da TPI foi colocada em xeque. A escalada da dívida da empresa era o que mais incomodava. Em 2010, a dívida da empresa era de R$ 525 milhões.

Concessão a vencer. No ano passado, a receita líquida da empresa ficou em R$ 1,47 bilhão ante R$ 1,62 bilhão de 2015. Desse montante, 75% vem das concessões rodoviárias. Nessa área, no entanto, a empresa vive outra incógnita. No dia 4 de julho, vence a concessão da Concepa, empresa que administra 121 quilômetros das BRs 101 e 290, no Rio Grande do Sul.

O Ministério dos Transportes afirma que, para que não haja descontinuidade na prestação de serviço à população, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) está estabelecendo os procedimentos necessários para promover a extensão do prazo contratual até que um novo leilão seja feito. O prazo pode ser de até 24 meses.

Mas o Estado apurou que a 13 dias do fim da concessão – ou nove dias úteis – nenhum aditivo foi feito. Para prorrogar a concessão, a agência precisa apresentar os termos desse novo contrato à empresa. Sem isso, no dia 4 de julho, a Triunfo é obrigada a deixar a administração da rodovia. Só nas praças de pedágio da região metropolitana de Porto Alegre passam cerca de 110 mil veículos por dia.

O Ministério afirma que o cronograma estabelecido pelo Programa de Parcerias e Investimentos (PPI) estima a realização do leilão no segundo semestre de 2017. Procurada, a Triunfo preferiu não se manifestar.

Fonte: Istoé

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Portonave pode ser vendida para ajudar a saldar dívidas da Triunfo Investimentos

Os rumores de que a Portonave está à venda aumentaram nesta semana, com nota emitida pela Triunfo Participações e Investimentos S.A. (TPI) informando a possibilidade de alienar ativos para pagar dívidas. A TPI tem 50% das ações da Portonave e o terminal é seu ativo com maior liquidez — o que tem melhores possibilidades de resultar em um bom negócio.

O porto de Navegantes é um dos investimentos mais rentáveis da Triunfo, que tem como principal foco a concessão de rodovias. É o segundo maior movimentador de contêineres do país, atrás apenas do porto de Santos. Responde, sozinho, por 55% da movimentação de contêineres em Santa Catarina e empurra para cima os números do Complexo Portuário, que também integra o porto de Itajaí e outros terminais menores.

A TPI não fala em preços, mas no mercado especula-se que as ações da Portonave poderiam ser negociadas por valores que chegam aos 10 dígitos. Um negócio de mais de R$ 1 bilhão.

Ainda que a venda ocorra de fato, a Portonave não passa a ter um “novo dono”. Metade das ações do porto continuarão pertencendo à Terminal Investments Limited (TIL), empresa suíça controlada pelo armador MSC.

A Portonave não comenta a possível venda. A Triunfo informou que ainda não decidiu que ativos poderão ser alienados, “nem tampouco identificou ou iniciou tratativas com nenhum potencial interessado”. Há rumores no mercado de que o negócio poderia interessar aos grandes operadores portuários internacionais.

Aeroporto na mira

Além da Portonave, a participação da Triunfo na concessão da hidrelétrica Três Irmãos e o Aeroporto de Viracopos, que a Triunfo assumiu em 2013, também estaria na lista dos que serão alienados.

Reportagem publicada pela revista Exame em janeiro diz que manter a concessão do aeroporto é hoje um dos maiores problemas para a Triunfo. O alto preço do negócio, os problemas com a sócia, a empreiteira UTC, que ficou sem dinheiro para aportes depois de ter executivos presos e contratos cancelados, além de multas da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) por atraso em obras, teriam tornado o negócio inviável.

Viracopos, afirma a publicação, representa apenas 9% da receita da TPI, mas responde por 20% das dívidas da empresa. Não à toa, a intenção de venda da participação da Triunfo em Viracopos já era ventilada há pelo menos três meses. O preço chegaria a R$ 350 milhões.

Diferente de outras gigantes do ramo, os problemas financeiros da Triunfo Participações e Investimentos não estão atrelados à Operação Lava Jato — a TPI não é alvo da operação.

A empresa é uma das que apostaram alto nas concessões do governo federal nos últimos anos e venceram concorrências com preços competitivos, contando com aditivos e créditos do BNDES. Quando o governo ficou sem dinheiro, essas alternativas para turbinar o caixa deixaram de existir.

A empresa terminou o último trimestre de 2016 com uma dívida líquida de R$ 3,47 bilhões.

Leia a nota da Triunfo ao mercado:

São Paulo, 6 de fevereiro de 2017 – A Triunfo Participações e Investimentos S.A. (¿Companhia¿), mantendo suas boas práticas de transparência e equidade de informações, informa aos seus acionistas e ao mercado em geral que pretende elaborar um plano de melhoria de sua estrutura de capital. Para tanto, a Companhia, em conjunto com assessores financeiros e legais contratados, avalia a possibilidade de alienar ativos a serem selecionados por sua Administração e utilizar eventuais recursos advindos da venda para reduzir seu o endividamento e de suas controladas. Até a presente data, a Administração da Companhia não decidiu quais ativos poderão ser objeto de alienação, nem tampouco identificou ou iniciou tratativas com nenhum potencial interessado. A Companhia manterá o mercado informado a respeito da matéria tratada neste Comunicado ao Mercado.

Fonte: Clicrbs