Inserido na rota internacional do comércio e tendo como base atividades industriais, o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) passa por um momento de desafios. De acordo com o presidente da Associação das Empresas do Cipp (Aecipp), Ricardo Parente, a perspectiva é de crescimento para 2017, mesmo com o País enfrentando um ano de crise e de cortes nos recursos estaduais e federais. “A tendência é realmente continuar essa evolução. Nós temos um olhar de ser um complexo de referência. Hoje geramos 13 mil empregos diretos e cerca de 40 mil indiretos. E podemos gerar ainda mais”, completa.
Para Mário Lima, presidente da Zona de Processamento de Exportação do Ceará (ZPE), há a previsão de expansão em 15 hectares do setor 2, com R$ 15 milhões em investimentos e a instalação de mais três empresas de produção de granito.
“A expectativa para 2017 é de crescimento na movimentação de matérias-primas e produtos acabados. Neste ano, nós queremos operacionalizar cerca de 16 milhões de toneladas. Em 2016, foram 5,6 milhões. Este crescimento só é possível graças a siderúrgica”, afirma. Segundo acrescenta, um dos pontos a serem enfrentados é a questão burocrática na conclusão de projetos.
Infraestrutura
“O desafio é fazer as obras de infraestrutura. Nós precisamos de agilidade, obedecendo às etapas, mas o regime de burocracia atrapalha a execução disso”, ressalta Mário Lima. Em relação à crise econômica, Lima diz que não houve impacto considerável na ZPE. Para ele, a instabilidade política do País, por outro lado, afetou os investimentos por conta dos atrasos dos cronogramas e na liberação de recursos.
Questão hídrica
Já Ricardo Parente cita como um dos desafios a questão hídrica. De acordo com ele, com a estiagem, a ideia foi desenvolver ações independentes e em conjunto com o governo. “Nós estamos buscando alternativas, como o reúso interno de água e em parceria com o governo a perfuração de poços artesianos e projeto de dessalinização”, afirma. De acordo com Parente, as indústrias estão trabalhando mais conscientes em relação ao uso da água e dos recursos naturais. “Existe uma preocupação com o meio ambiente. As empresas associadas desenvolvem ações de educação ambiental, além da questão da coleta e tratamento de esgoto e dos resíduos”, conta.
Outra preocupação das empresas instaladas no Cipp diz respeito à ocupação irregular e à segurança patrimonial. “No nosso plano de ação consta melhorar a estrutura de segurança no Complexo. É uma questão de grande relevância”. Um dos comitês instalados pela Aecipp tem o objetivo de melhorar esse quesito, combatendo a violência na região, por exemplo.
Educação
A Associação das Empresas do Complexo criou um fórum de recursos humanos em conjunto com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e o Instituto Federal do Ceará (IFCE) para ofertar vagas de treinamento e capacitação profissional para os trabalhadores do Complexo do Pecém.
“Nós lançamos recentemente o Programa de Jovens Aprendizes com o intuito de atender a demanda existente no Complexo. A qualificação da mão de obra é importante pois aumenta a qualidade das vagas”, diz Ricardo Parente.
De acordo com ele, a Associação realizou um mapeamento das necessidades das empresas. O estudo foi entregue ao Senai e ao IFCE com os quais foram firmados vários convênios de cooperação técnica. Para 2017, a Aecipp espera contar com diversos cursos consolidados.
Mais investimentos
Tendo o Porto do Pecém como porta de entrada para o fortalecimento dos negócios, o Complexo Industrial demanda ainda mais de investimentos em infraestrutura. Em 2016, o porto teve aumento de 31% na movimentação de cargas em comparação ao ano anterior.
“O porto é uma das grandes atratividades do Cipp e é extremamente importante pela competitividade e localização”, reitera Ricardo Parente.
Ele cita também como exemplos a ampliação da infraestrutura de logística e de telecomunicações. “Nós temos a missão de promover a articulação com órgãos governamentais e entidades para a realização de projetos com ênfase no abastecimento de água e energia, em melhores condições das rodovias e ferrovias e na garantia de estrutura eficiente de telecomunicação”, finaliza o presidente da Aecipp.
Cenários
“A qualificação da mão de obra é importante para o Cipp pois aumenta a qualidade dos postos de trabalho”
Ricardo Parente – presidente da Aecipp
Fonte: Diário do Nordeste (CE)/Hugo Renan do Nascimento