Após cinco meses de queda, as exportações do Brasil para o mercado árabe voltaram a subir em agosto. O avanço sobre o mesmo mês do ano passado foi de 17%, de acordo com números do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) compilados pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira. A receita gerada com as vendas foi de US$ 1,2 bilhão no mês passado contra US$ 1 bilhão em agosto de 2015. Desde o começo do ano, as exportações só haviam subido em fevereiro na comparação anual, além de agosto.
As vendas brasileiras para a região foram impulsionadas principalmente pelo açúcar. Os brasileiros faturaram US$ 380 milhões com exportação da commodity para os árabes em agosto, US$ 251,5 milhões acima do valor registrado no oitavo mês do ano passado, quando a venda do produto somou US$ 128,8 milhões. O diretor geral da Câmara Árabe, Michel Alaby, lembra que em setembro deste ano ocorre o Eíd Al-Adha, festividade que ocorre 40 dias após o Ramadã, e acredita que em função disso os envios de açúcar aumentaram.
O preço médio do açúcar comercializado pelas usinas brasileiras para a região subiu 3% no período. A cotação influenciou no aumento de 195% na receita obtida pelo Brasil com a exportação do produto para os árabes, mas também houve crescimento nos volumes embarcados, em 128%. Os três maiores compradores árabes de mercadorias brasileiras aumentaram as importações de açúcar: Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Egito.
Mas também houve crescimento nas exportações de outros produtos, como animais vivos, materiais de defesa, veículos e aeronaves. Alguns produtos que normalmente figuram entre os principais da pauta, no entanto, tiveram queda de exportações. É o caso da carne de frango, cujas vendas recuaram 11% em receita, da carne bovina, com comercialização 9,8% menor, e do minério, com queda de 3,3%. Também caíram as exportações de milho, em 46%, e do arroz, em 47%.
Apesar do desempenho positivo de agosto, o resultado não conseguiu reverter a queda no ano. De janeiro a agosto, as exportações do Brasil para os árabes caíram 8,3% e somaram US$ 7,4 bilhões. O diretor geral da Câmara Árabe espera que o resultado de agosto se mantenha nos demais meses e assim as vendas possam chegar ao final de 2016 estáveis.
Os países árabes convivem com receitas menores em função do preço baixo do petróleo, mas Alaby não acredita que isso impacte muito o comércio com o Brasil. “Eles dependem de alimentos, então não vejo muitos problemas para o Brasil”, diz. Os países árabes importam grande parte dos alimentos que consomem e o Brasil vende principalmente esses produtos para eles. Carnes e açúcar ocupam os principais lugares da pauta de comércio com a região, junto com o minério.
As importações brasileiras de produtos árabes também subiram em agosto. As compras avançaram 28% em receita sobre igual mês de 2015, principalmente em função de compras de petróleo e derivados, e de fertilizantes. No primeiro caso, o avanço foi de 22%, para US$ 268 milhões, e no segundo, o crescimento foi de 42%, para US$ 153 milhões. No geral, o Brasil importou US$ 446 milhões em mercadorias do mercado árabe em agosto. No acumulado dos oito primeiros meses do ano, as importações somam US$ 3,7 bilhões, com queda de 16%.
Fonte: ANBA